“Vede como se amam” (Tertuliano)
O sinal dos que seguem Jesus está ao alcance do simples olhar. Os contornos do amor, desenhados no concreto dos gestos, da presença, das palavras, refletem uma realidade mais profunda. A comunidade é, por isso, fundamental para todos os cristãos e em especial para a vida consagrada que tenta ser, na história, metáfora da comunhão plena com Deus.
Os que deixam o conforto da casa paterna pelo Reino elevam os laços espirituais acima dos de sangue. Na sua nova família descobrem um outro conforto – a graça de Deus. Já a S. Paulo é dito “basta-te a minha graça” (2 Cor 12, 9) e em Fátima, a “Senhora” garante: “a graça de Deus será o vosso conforto” (13 de Maio, 1917). Para os consagrados, essa graça transparece também na vida partilhada e na diversidade das histórias, personalidades e sensibilidades. É ao saborear essa diversidade como graça, isto é, como beleza e oportunidade de conversão, crescimento e entrega pelo outro, que se é verdadeiramente confortado.
Por outro lado, nas diferenças, há a mesma luz que dá sentido e orienta. Os consagrados não se unem por terem a mesma nacionalidade, grupo social ou cargo profissional, nem sequer por uma mesma ideologia. O que têm em comum está enraizado no núcleo da sua própria existência – a profunda amizade com Jesus e a entrega pelo Reino segundo um carisma específico. O amor que se vê torna-se identificador enquanto permanece no âmbito do mistério como fogo inexplicável – “Nós estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos. Como é Deus! Isso sim que a gente nunca pode dizer!” (Francisco Marto).
É precisamente essa experiência vivida como um “nós” que une, conforta e anima. Assim, a unidade de coração e de alma torna visível o invisível, o mistério deste Deus que em Si mesmo é amor e comunhão.
Ana Luísa Castro, asm
Aliança de Santa Maria