A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) quer dar-se a conhecer aos jovens adultos portugueses e vai usar estudos de opinião para ajudar a construir uma ‘Gramática da Proximidade’.
“A Vida Consagrada tem ingredientes para se poder mostrar à opinião pública, tem um léxico favorável, que está em alta, tem pessoas e história que podem transmitir a noção de vida realizada mais do que vida eclesial fechada”, disse à Agência ECCLESIA Carlos Liz, responsável pelo estudo.
O especialista em estudos de mercado e opinião explicou que tem de haver uma “discriminação positiva dos jovens religiosos” e no Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco, é preciso mostrar rostos e atitudes das “pessoas novas”, uma das “melhores formas” de revelar vitalidade da vida consagrada.
A expressão institucional “Vida Consagrada” ainda “é bastante desconhecida” como se verifica no estudo: 31% dos inquiridos, com idades compreendidas entre os 18 e 34 anos, não têm qualquer ideia sobre esta realidade; 29% têm a noção dos votos (castidade, pobreza e obediência), “uma palavra mais rica”; 16% relacionam-na a uma “vida realizada, equilíbrio, felicidade que transparece”.
“A ideia de colocar o consagrado como uma das formas de realização que se pode viver na vida contemporânea é uma batalha interessante e é o momento próprio para que os consagrados se assumam e mostrem”, observa.
Neste contexto, Carlos Liz recomenda que nas paróquias, durante este Ano da Vida Consagrada, até 2 de fevereiro de 2016, os fiéis nas “múltiplas atividades pastorais” possam conhecer algum religioso ou religiosa.
Para este estudo, a empresa Ipsos APEME realiza mensalmente 150 entrevistas online a jovens adultos portugueses dos 18 aos 34 anos – com diferenças 18-25; 25-34 -, nas regiões de Lisboa, Porto e resto do país.
O estudo também contempla quatro incursões etnográficas trimestrais com consagrados a contextos onde se encontram os jovens para “observarem com tempo” o que carateriza a juventude.
O primeiro foi na noite de Lisboa e está prevista a incursão ao “mundo precário dos call centers”.
“Há uma preocupação excessiva de saber como é que nós, como Igreja, fazemos intervenção sobre o mundo-alvo no momento. Essa ansiedade positiva da missão entra em choque com o que é a realidade distraída”, analisa o especialista.
Por isso, adianta que o tempo mais demorado deste estudo permite “pensar melhor, pôr questões”, permitindo que os consagrados fiquem com um “sentimento direto” daquela realidade e até “desdramatizarem algumas ideias feitas”.
No final de 2015, está previsto que se aprofunde ao “máximo essa experiência” com uma mesa-redonda que incluirá “todos os religiosos” que participaram e um painel de comentadores.
O estudo procura também analisar o interesse e conhecimento que os participantes têm sobre a Igreja como instituição, o Papa Francisco e sobre os padres e as freiras.
“No essencial, o tema religião e espiritualidade interessa de forma significativa aos jovens portugueses e mostra que existe muita abertura e disponibilidade para reagir a estímulos realmente interessantes que possa mudar a imagem da Igreja”, explica Carlos Liz.
O especialista alerta ainda para o facto da “popularidade e relevância” do Papa, a forma “surpreendente de comunicar palavras e gestos”, passar “insuficientemente” para a Igreja.
CB/OC (Agência Ecclesia)