A vivência da pobreza num mundo de riquezas foi o tema da formação da CIRP para os juniores do 3º e 4º ano, orientado pelo padre Jesuíta, Abel Bandeira, de 23 a 25 de novembro, em Fátima.

Mais do que teorias e frases belas sobre a pobreza, este fim de semana foi uma provocação à vivência e experiência deste voto como caminho de felicidade proposto e vivido por Jesus Cristo.

O encontro iniciou-se com a partilha dos vários carismas por parte de cada instituto, na especificidade de cada cultura e na riqueza como os fundadores viveram a liberdade do desprendimento e entrega total a Deus.

“Felizes os pobres” (Mt 5, 3), aqueles que vivem na dependência de Deus, e não do dinheiro, e procuram fazer apenas a vontade d’Ele. A pobreza vivida como uma experiência de deserto, espaço onde encontramos Deus, num caminho de felicidade e liberdade interior e não um atalho dos que vivem presos ao dinheiro, enredados na sua vontade, no desejo de ter, na ilusão da segurança. Desconstruir pensamentos e atitudes face ao voto da pobreza foi o caminho percorrido, desestabilizando e fazendo-nos repensar os mais pequenos gestos do dia-a-dia.

Em plena hora de almoço, como pobres fomos enviados, 2 a 2, a casas de diferentes congregações religiosas presentes em Fátima, pedindo qualquer coisa para comer. A refeição pretendia ser feita de partilha e de encontro. Partimos a passos vacilantes e garganta seca, sentindo um misto de vergonha e receio. As experiências foram variadas. Uns acolhidos pelos que põem tudo em comum e se abrem à fraternidade, outros na indiferença e no frio de uma porta fechada ou entre aberta, nada ou pouco receberam.

Fez-se a experiência de encontrar e ser encontrado, do olhar que se cruza, da disponibilidade de acolher, mas também de ter de comer na rua, à chuva e ao frio, que retira o sabor e reduz os alimentos a coisas que descem pela garganta e não dons que enchem e preenchem vidas.

Este encontro fez-nos refletir sobre a dificuldade de partilharmos o que temos e, principalmente, o que somos, deixando tantas vezes que a rotina e os horários nos prendam e nos impeçam de sentir a verdadeira alegria de acolher o Senhor que bate à nossa porta e deseja celebrar esta páscoa connosco.

Falta-nos ainda uma coisa…e a ti?