Areias de Vilar (Barcelos): 23/04/1938 Porto: 01/03/2024

Ao meio-dia do primeiro dia deste mês de março, mês em que chega a Primavera e se vai celebrar a Páscoa, na fraternidade dos Franciscanos Capuchinhos do Amial (Porto), partiu serenamente e em paz para a “Casa do Pai” o nosso querido irmão Frei Lopes Morgado. Homem, Religioso e Sacerdote de fortes convicções, de fé e fibra inquebrantável, na sequela de São Francisco de Assis cujo ideal abraçou com entusiasmo, o Frei Lopes Morgado celebra, agora, a “Páscoa” gloriosa dos redimidos, entrando na família dos que “ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lucas 8, 19-21).

Nasceu na freguesia de Areias de Vilar, concelho de Barcelos, em 23 de Abril de 1938. Entrou no Seminário Seráfico do Porto em 5 de Setembro de 1949. Em 2 de Agosto de 1953 tomou o hábito Capuchinho em Barcelos para fazer o noviciado, recebendo o nome de Frei Agostinho de Vilar. A 15 de Agosto de 1954 fez os votos temporários, a 24 de Abril emitiu a profissão perpétua, no Convento dos Capuchinhos de León, e a 5 de Agosto de 1962 foi ordenado sacerdote na Sé Catedral do Porto. Em 5 de Agosto de 1962 foi ordenado sacerdote na Sé Catedral do Porto.

Fez o curso de Filosofia, de 1955 a 1958, no Convento dos Capuchinhos de Santa Marta, em Salamanca, e o de Teologia, de 1958 a 1961, no Convento dos Capuchinhos de León e do Porto.

Terminados os estudos, foi mandado para Gondomar como professor do Seminário Seráfico e, mais tarde, da Escola Industrial.

Em 1965 veio para Lisboa como Director da revista BÍBLICA. Em 18 de Agosto de 1967 foi nomeado Superior dessa Fraternidade, cargo que ocupou até 1970. Em Outubro de 1969 iniciou na Rádio Renascença o programa semanal «Maranatha».

No triénio de 1969-1972 foi eleito Conselheiro do Governo Provincial, sendo reeleito para o triénio seguinte (1972-1975).

Em 1970, o Senhor Cardeal Patriarca, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, de acordo com os Superiores da Ordem, nomeou-o pároco da nossa paróquia do Calhariz de Benfica, ofício que desempenhou até 1973 (a denominação oficial era de «Vicariato», pois a elevação a «Paróquia» só aconteceu no dia 3 de Fevereiro de 1980, com a leitura do decreto respectivo, cerimónia a que presidiu o Cardeal Patriarca D. António Ribeiro.

Também em 1970 foi escolhido para a Equipa de Sacerdotes que celebrava Missa na Televisão e em Dezembro de 1973 começou na Rádio Renascença o programa diário

“Palavra do Dia”; da Equipa da RTP despediu-se a 26 de Março de 1974; da RR despediu-se no dia 27 de Maio de 1975, quando os trabalhadores da Estação de Lisboa decidiram ocupá-la.

A partir de 1975 dedicou-se a tempo inteiro aos Cursos de Dinamização Bíblica. Em 1978 deixou a direcção da revista BÍBLICA e foi para França frequentar, em Lyon, o «Centro de Investigação e Comunicação Audiovisual para a Expressão da Fé», especializando-se em técnicas de Comunicação Audiovisual dos Grupo-Media pela Universidade Católica daquela cidade.

Em 1979 foi colocado em Gondomar como responsável do CAVAP (Centro Audiovisual de Apoio à Pastoral), um organismo pastoral por ele criado. Parte para Lisboa em 1981, como responsável da orientação gráfica da revista «Bíblica», das edições da Difusora Bíblica e director do CAVAP e, em 1987, passa a exercer também as funções de director da revista «Bíblica».

Em 1993 é transferido para a Fraternidade de Fátima, continuando a desempenhar o cargo de Director da revista. Em 1999 é indigitado para a Fraternidade de Gondomar, ao mesmo tempo que os Superiores lhe concedem um “ano sabático”. Mas a 9 de Setembro de 2000 “interrompe” esse tempo sabático e passa a integrar a Fraternidade de Fátima, assumindo o ofício de chefe de redacção da revista «Bíblica» e trabalhando, igualmente, nas várias edições da Difusora Bíblica.

Partiu do Frei Lopes Morgado o projeto de um jardim bíblico ao lado da casa dos Capuchinhos em Fátima, ideia que foi crescendo ao longo de algum tempo, tendo sido concretizado com a ajuda do arquiteto paisagista Miguel Velho da Palma, e inaugurado no dia 16 de junho de 2003.

Também em Fátima, no Centro Bíblico dos Capuchinhos, ainda como sonho do Frei

Lopes Morgado, nasceu um espaço museológico, denominado EVANGELHO DA VIDA, inaugurado no dia 04 de janeiro de 2020. Começou com uma coleção de 1300 presépios.

Jornalista profissional, praticou as várias formas de comunicação social nas revistas “Paz e Bem” (1961-1964), “Paz e Alegria” e “Stella” (desde Janeiro 2002); nos jornais “Comércio de Gondomar” (Nota de Semana: 19 Dezembro 1964-17 Dezembro 1966), “Diário de Notícias” (Domingos de Julho-Novembro 1992) e “O Almonda” (27 apontamentos sobre “A Música das Palavras”: 26 Fevereiro-26 Novembro 1999); na Rádio Renascença (Novembro 1969 – Maio 1975), na RDP 2, agora ‘Antena 2’ (1981- 1982) e na TSF (“Como se Visse o invisível”, 12 crónicas: 7 Abril 1996 a 9 Março 1997), tendo também criado vários programas da série 70×7.

Publicou várias obras, repartidas entre a teologia pastoral e a poesia:

Agora que nasci – poema do natal intemporal (1976); Via sacra de Cristo e outras vias (não) sacras, 2 vol. (1977); As mais belas orações da Bíblia (1977); de raiz – poemas (1983); Canto de Sol e Sal – diário do meu país (1983); Para a Festa da Palavra (1984); MATEUS – reino, igreja, comunidades (1986); MARCOS – este Homem era Deus (1987); Mulher Mãe (1987); Roteiro de Natal (1987); LUCAS …e paz na terra! (1988); Quem ouvir que entenda – parábolas dum novo reino (1986); Crer – raízes da minha fé (1988); Felizes! (bem-aventuranças) (1989); Neste Natal (1989); Um Filho nos foi dado –

5 Autos de Natal (1989); Caderno para a Minha Mãe (1989); Dia da Bíblia – sugestões e apoios (1995); Ao Encontro do Sol – poemOrações (1998); colecção Jubileu 2000 – dez cadernos (1996-2001), em minha memória (2004), Frei Inácio de Vegas, o profeta da Palavra (2005), 40 Semanas Bíblicas Nacionais (2012), Dou-te a minha palavra (2014), Natal intemporal (2015), ABeCedário do Espírito Santo (2017), Maria! Orações a Nossa Senhora (2017) e Apostolado Bíblico dos Capuchinhos de Portugal – 70 anos: 1951-2021 (2022).