ASSEMBLEIA GERAL DA UCESM 2018 – 7-8 de março de 2018

A Assembleia Geral da UCESM foi interpelada pelas reflexões de quatro conferências: Arcebispo José Rodríguez Carballo, Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA), P. José Ignacio García, sj, diretor regional do Serviço dos Jesuítas para os Refugiados (JRS), o Ir. Alois, prior da comunidade interconfessional de Taizé, e a Ir. Céline Renouard, uma pensadora das questões económicas e ecológicas.

 

VINHO NOVO, ODRES NOVOS

O Arcebispo Dom José Rodríguez fez uma reflexão robusta à luz das Orientações Vinho novo, odres novos da CIVCSVA.

«Onde colocar o bom vinho da Vida Consagrada de modo que não se perca? Esta é a nossa responsabilidade», foi a primeira e grande interpelação que deixou.

É necessário ler os sinais dos tempos da realidade à luz do Evangelho e do carisma, hoje, para determinar o futuro da Vida Consagrada.

«O grande pecado da Vida Consagrada é a nostalgia», disse. Daí o desafio a não fazer turismo carismático: não perguntar o que fez o fundador, mas o que faria hoje; sair do «próprio ninho», deixar a comodidade; ir onde há necessidade do anúncio do Evangelho.

A crise da Vida Consagrada não é uma crise de vocações, mas de autenticidade evangélica dos consagrados. Os institutos que escolherem o primado do serviço, o caminhar em direção aos pobres e a subsidiariedade terão futuro.

Sublinhou que a formação é um processo de personalização que não se improvisa e que «termina com a visita da irmã morte». «O formador deve ser aquele que sabe transmitir a beleza do seguimento de Cristo», explicou.

E continuou: «Uma província que não investe na formação permanente não tem capacidade de receber vocações».

O Arcebispo proclamou que a vida fraterna em comunhão é o grande sinal de profecia da vida consagrada.

 

 

INTEGRAR OS REFUGIADOS

O jesuíta espanhol José I. García fez a radiografia dos refugiados: em 2016 eram 64 milhões; 86% são recebidos por países em vias de desenvolvimento; 70 % são muçulmanos; 51% tem menos de 18 anos; a maioria vive em cidades.

Partilhou que a fé é crucial na vida dos refugiados: «Deus ajudou-me, protegeu-me, cuidou de mim» – é comum dizerem.

A integração dos refugiados é um dos desafios mais importantes que é levado a cabo por pessoas, famílias e grupos de interesse.

Para ultrapassar a visão xenófoba e alarmista que se vive em algumas regiões «os religiosos devemos fazer um esforço para compreender melhor a realidade e ser mais corretos na sua leitura», concluiu o coordenador regional do JRS.

 

PAIXÃO PELA UNIDADE DO CORPO DE CRISTO

O prior de Taizé explicou que alargar a tenda – o tema da assembleia geral – é o lema da sua vida: alargar o espaço do coração, o horizonte à mundialidade.

O Ir. Alois disse que a vida em comunhão é uma parábola e a vida fraterna é aceitar a diversidade: «Um dos grandes traços da comunidade de Taizé é aceitar a alteridade». Lamentou que se investe mais na missão do que na vida fraterna: «não se pergunte como fazer mais mas como amar mais».

A interculturalidade leva à interreligiosidade e torna mais complexo o alargar da mente.

O prior sublinhou que «a reconciliação é o coração do Evangelho» e por isso deve-se privilegiar a reconciliação e a diversidade.

«A vida religiosa não é cultivar o próprio jardim; é sair de casa, convidar os outros a entrar», concluiu o Irmão Alois.

 

TRÊS ECOLOGIAS

A religiosa francesa explorou o tema do discernir e atuar no serviço da justiça e do bem comum.

A Ir. Cécile partiu de três abordagens: mudança de paradigma com a ecologia integral, ecologia cultural e ecologia económica para «ouvir o grito dos pobres e o grito da terra», sublinhou citando o Papa Francisco.

Referiu que é necessário um discernimento pessoal e coletivo para ter consciência do limite do meio ambiente, vivendo uma sobriedade feliz.

Indicou que é preciso ir para além do crescimento económico e ter em conta a qualidade de vida para todos nas análises de desenvolvimento.

Falou de novos modelos económicos para além da economia financeira: economia circular (transformar os desperdícios em recursos através da reciclagem); economia dos bens partilhados (alugar em vez de comprar um bem de que não se faz grande uso); e economia colaborativa (como a Wikipédia onde um grupo trabalha à volta de um objetivo comum delineado).

«A prudência deve ser a base de todas as nossas escolhas? Não devemos arriscar mais para sermos mais solidários?», interrogou-se ao concluir a sua intervenção.